Corpo Feminino Como Produto: Isso é Mesmo Liberdade?
A imagem de um homem totalmente coberto ao lado de uma mulher praticamente nua no tapete vermelho de um grande prêmio não é só uma escolha de moda. É um reflexo claro de como a sociedade ainda enxerga homens e mulheres de formas muito diferentes.
Kawane Cândia
2/3/20252 min read


Os homens podem se apresentar de forma discreta, sem precisar expor o corpo para serem respeitados ou notados. Já as mulheres são incentivadas a mostrar mais e mais pele, vendendo a ideia de que isso é empoderamento. Mas será que é mesmo?
A Mulher Como Vitrine, o Homem Como Poder
Desde sempre, a mídia e a cultura reforçam que o corpo da mulher é um produto. No cinema, na música, na moda e até no dia a dia, as mulheres são ensinadas a se preocupar com a aparência acima de tudo, enquanto os homens são valorizados pelo que fazem e dizem. Quando uma mulher aparece quase nua em um evento desse porte, enquanto o homem ao lado está coberto da cabeça aos pés, isso deixa um recado: os homens são sujeitos, protagonistas; as mulheres, objetos de exibição.
Isso é Escolha ou Pressão?
Muitas vezes, a exposição do corpo feminino é vendida como uma escolha. Mas que tipo de escolha é essa, se sempre recai sobre as mulheres e não sobre os homens? Se fosse mesmo libertador, veríamos homens se despindo no tapete vermelho com a mesma frequência – mas isso não acontece. Esse não é um debate sobre o que uma mulher pode ou não pode vestir. A questão é: por que a sociedade continua empurrando as mulheres para essa posição? Por que nossa aceitação e visibilidade ainda dependem do nosso corpo e não da nossa voz, trabalho e inteligência?
Empoderamento Real ou Só Mais um Truque do Patriarcado?
Empoderamento de verdade é ter liberdade para escolher sem ser julgada, pressionada ou usada como ferramenta de desejo alheio. Quando as mulheres ainda precisam exibir o corpo para chamar atenção, isso não é liberdade – é apenas um velho jogo patriarcal disfarçado de novidade. A pergunta que fica é: quem está realmente no controle dessa narrativa? Será que estamos tomando as rédeas da nossa própria imagem ou só seguimos dançando conforme a música que sempre foi tocada para nos manter nesse lugar?
O Que Queremos Para Nós?
Se a luta é por igualdade, precisamos questionar essas diferenças gritantes. Um mundo onde as mulheres possam decidir como se apresentar sem precisar se encaixar em padrões impostos ainda é um sonho distante. Mas só começamos a mudar isso quando paramos de aceitar como "normal" aquilo que só reforça nossa objetificação. Que tal começarmos a questionar essas “escolhas” e buscar um empoderamento que vá além da aparência?
