A Indústria da Beleza e a Desconexão com a Natureza Feminina
Nosso corpo não é um produto, mas a indústria da beleza insiste em nos fazer acreditar no contrário. Desde a infância, somos bombardeadas com padrões irreais que nos afastam da nossa verdadeira essência. Neste texto, mergulhamos na psique feminina, no resgate da mulher selvagem e nos ensinamentos ancestrais para questionar: o que é beleza além do que nos impõem? Um convite para refletir, se libertar e reconectar-se com os ciclos naturais da vida.
Kawane Cândia
2/10/20252 min read


Desde tempos imemoriais, o corpo feminino tem sido alvo de controle e moldagem , sempre adaptado aos interesses de uma sociedade que lucra com a insegurança das mulheres . A indústria da beleza é uma das principais ferramentas desse controle, alimentando padrões irreais que aprisionam a mulher em uma busca incessante por um ideal inalcançável.
O Corpo Feminino Como Produto
A cultura patriarcal historicamente objetificou o corpo feminino , reduzindo-o a um símbolo de desejo ou um campo de batalha para as expectativas sociais. Hoje, essa objetificação se sofisticou: as mulheres são levadas a crer que sua autoestima e valor pessoal estão atrelados à sua aparência . Cosméticos, cirurgias plásticas, dietas extremas, filtros e edições de imagem constroem um padrão irreal que reforça a ideia de que o corpo natural é inadequado .
O impacto psicológico disso é devastador. Desde a infância, as meninas são bombardeadas com imagens que ditam como deveriam ser, ou que criam uma desconexão profunda com seus corpos e sua própria natureza . Segundo a psicologia junguiana e os estudos sobre a psique feminina, essa fragmentação da fraqueza da mulher, tornando-a vulnerável a relações e sistemas de poder que perpetuam sua submissão.
A Ruptura com os Ciclos Naturais
As mulheres são cíclicas, assim como a natureza . Seu corpo segue ritmos que se espelham nas fases da lua, nas estações do ano e nos ciclos de nascimento, morte e renascimento . No entanto, a indústria da beleza e o modelo ocidental de sucesso negam essa ciclicidade, impondo uma linearidade artificial: a juventude deve ser eterna, a pele não pode enrugar, o corpo não pode mudar .
Esse distanciamento do próprio ritmo biológico afeta não apenas a saúde física, mas também a saúde emocional e espiritual da mulher . A negação dos ciclos menstruais, por exemplo, faz parte desse processo. A medicalização excessiva do corpo feminino , o tabu em torno da menstruação e a pressão para sempre estar disponível e produtiva são sintomas dessa desconexão.
Clarissa Pinkola Estés, no livro Mulheres que Correm com os Lobos , fala da necessidade de resgatar a “mulher selvagem” , aquela que está enraizada na terra , que honra seu corpo e seus ciclos como algo sagrado . No feminismo e na espiritualidade feminina, há um chamado para esse retorno: um reencontro com a Deusa, com a Terra, com a intuição e com a sabedoria ancestral .
Resgatando a Beleza Ancestral
A verdadeira beleza feminina não está alinhada com sua própria natureza . Quando uma mulher rompe com os padrões de impostos, ela resgata sua força e autonomia . Esse processo passa por consideração que:
Seu corpo é um templo, não um produto de mercado.
O envelhecimento não é um defeito, mas uma iniciação.
A conexão com a natureza é fonte de cura e libertação.
A intuição feminina é um guia poderoso.
A beleza da mulher não pode ser capturada por uma tela de celular , nem medida pelo olhar de terceiros. Está no brilho de seus olhos quando vive sua verdade, no riso solto, na força de suas decisões e na sabedoria de seus ciclos .
O resgate da mulher selvagem e a quebra com a indústria da beleza são atos revolucionários. É tempo de olharmos para a Lua, sentirmos a Terra sob nossos pés e lembrarmos que nossa beleza está naquilo que somos, não no que nos mandam ser .
